Domingo, 25 de Abril de 2010

Outra vez o Catitinha

O CATITINHA

 

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Foi em casa do tio João Catraio que um dia, aí por 1945, conheci uma figura típica e algo misteriosa. Aparecia de tempos a tempos e fixava residência em casa de alguns gafanhões, que o recebiam como se fora um parente próximo. Cediam-lhe um quarto, comia à mesa com as famílias que o acolhiam, conversava e dava conselhos a todos.

Das suas palavras, serenas e bem medidas, saíam conceitos cheios de filosofia, que eu não entendia, mas que os sentia nos rostos extasiados de gafanhões iletrados e pouco viajados. Era o Catitinha, que os fotógrafos da região gostavam de registar para a posteridade. E quando nos falava, como qualquer avô extremoso e sábio, mostrava-nos fotografias das localidades por onde passara, viajando sempre de comboio. Dizia-se, então, que tinha livre-trânsito para poder andar de terra em terra.

Não estava muito tempo no mesmo sítio. De repente, sem que nada o fizesse prever, anunciava a partida, e lá ia. Vim a referenciá-lo, mais tarde, noutras terras, sobretudo da beira-mar.

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publicado por Fernando Martins às 18:16
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