Mestre Mónica projectou a nossa terra
muito para além das fronteiras portuguesas
Não há dúvida de que o Mestre Manuel Maria Bolais Mónica projectou a nossa terra muito para além das fronteiras portuguesas. Construtor Naval desde muito novo, cuja arte aprendeu de seu pai José Maria Bolais Mónica, mal nasceu, em 11 de Julho de 1889, em Ílhavo, radicou-se na Gafanha da Nazaré. Precisamente no ano em que veio ao mundo, seu pai transferiu o estaleiro que possuída na sede do concelho para a Cale da Vila.
Disse que projectou a nossa terra para além das fronteiras portuguesas porque os navios que construiu, de linhas únicas, harmoniosas e belas, navegaram por mares muito ou pouco conhecidos, exibindo, com galhardia, a sensibilidade e a arte do Mestre Mónica.
O seu estaleiro foi, sem dúvida, uma escola da arte de manejar o machado e a enxó, oferendo o país mestres qualificados, oriundos de vários cantos de Portugal, de alguma forma ligados às madeiras.
Segundo o nosso conterrâneo, António Vítor N. de Carvalho, docente na Universidade de Aveiro e especialista na matéria, com diversos trabalhos publicados sobre estaleiros e, em particular, no que nos diz respeito, sobre “Manuel Maria Bolais Mónica: o último grande construtor naval português”, o Mestre, contando 27 anos de idade, «retomou os estaleiros fundados por José Mónica [seu pai] e iniciou o seu percurso como industrial ao construir a sua primeira embarcação bacalhoeira de vulto, o lugre de vela orçado em12 000$00, chamado Adília, encomendado pela parceria Cunha & C.ª, de Aveiro.
Retomava-se uma construção naval competitiva na região e a adopção de um navio “typo especial”, o lugre três mastros, de proa lançada, o futuro bacalhoeiro de 150 a 200 toneladas de armação latina.»
Mais adiante, António Vítor afirma que Manuel Maria se assumiu «não como um carpinteiro, serrador, calafate ou pintor, mas um “mestre de construção naval” e fundador legítimo de uma “Escola de Arte da Construção Naval", tendo sido «evidenciado pela Indústria Portuguesa como um “dinâmico e sabedor industrial”, assinalando a imprensa, na sua generalidade, que este nome jamais poderia deixar de figurar na História de Aveiro»
Por tudo isto, e pelo muito que ficou por dizer, foi merecidíssima a rua que lhe atribuíram e o monumento que lhe ergueram, na Alameda Prior Sardo.
Fernando Martins
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