Quando procurava um livro de interesse imediato, veio-me à mão um outro do meu amigo de saudosa memória, Joaquim Duarte, “Hidro-Aviões nos céus de Aveiro”. Foi uma boa ocasião para reler uma ou outra passagem e para ver fotos que fazem parte da Escola da Aviação Naval de S. Jacinto.
De página em página, cheguei a uma que recorda um gafanhão que deixou a sua marca na Gafanha da Nazaré, pela maneira como lutou pelos seus interesses, enquanto presidente da Junta de Freguesia e para além dela. Trata-se do Mestre Rocha, com quem conversei inúmeras vezes sobre o que seria melhor para a nossa terra. Recordo, bem, o que ele me dizia, quando vinha em defesa das suas ideias: “Eu fui testemunha ocular e auricular!” Perante isto, eu tinha mesmo de acreditar nas suas convicções.
Contudo, hoje não quero falar das conversas que tive com Mestre Rocha, mas, sim, do que dele disse Joaquim Duarte, no seu livro “Hidro-Aviões nos céus de Aveiro”.
“Mestre Rocha tem, para nós, uma outra particularidade não menos importante. Foi durante bastantes anos o Presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré. Ao mandato do snr. Rocha ficou a Gafanha devendo grandes melhoramentos, como, por exemplo, o Mercado, o Edifício dos Correios, Escolas e novas estradas. Manteve acesa disputa com presidentes da Câmara de Ílhavo sempre na defesa da sua terra. Contrariou todos quantos pretendiam levar os correios e o mercado para a Cale da Vila. A alegação era de que lá se encontravam os meios económicos mais poderosos da freguesia, mas o Rocha não desarmava.
“Mestre Rocha, recorda-nos de igual modo, sempre defendeu a existência desses edifícios perto da Igreja, afinal, o centro geográfico da Gafanha, segundo a sua própria expressão. O seu nome era respeitado, sem dúvida.
Com grande poder de organização, apesar dos seus limitados conhecimentos de instrução, o antigo Presidente da Junta defendeu em público, não raro, e com calor, os seus pontos de vista, que eram também os da maioria dos ‘gafanhões’.
“Alguns amargos de boca e muitas incompreensões foram o resultado desses anos de luta. Mas o Mestre Rocha deixou uma obra. Pode dizer-se, sem receio de errar muito, que ainda hoje se mantém o traçado dos arruamentos da Gafanha da Nazaré, ditado nos seus tempos de Presidente da Junta.
“Homem estimado na Escola [da Aviação Naval], quer pelo pessoal militar, quer pelo pessoal civil, a que pertencia e de quem veio a ser chefe durante vários anos, pensamos que o seu nome – Manuel da Rocha Fernandes – não teve ainda a consagração que lhe foi, e é, devida.”
Joaquim Duarte continuou no seu livro a defender a homenagem que a Gafanha da Nazaré devia ao Mestre Rocha. Isto em 1984. Já há uma rua com o nome deste notável presidente da Junta da Gafanha da Nazaré, mas pouca gente se lembra dele e sabe o que este gafanhão fez pela nossa terra. Outras histórias ficarão para outra ocasião.
FM
Foi com muita satisfação que tomei contato com este blogue. É um espaço cultural, de comunicação e de convivência entre as pessoas de nossa região,
muitas hoje, espalhadas pela mundo. É um meio dinâmico de cultivar as nossas raízes.
Eu sou natural de Vagos. Vivo no Brasil há 52 anos.
Gosto muito do Brasil,minha segunda pátria, onde
criei meus filhos,mas também gosto muito de
acompanhar os progressos do mundo da minha
infância e adolescência. Sempre que posso vou a Vagos, conviver um pouco com o meu povo de raíz.
Parabens pelo trabalho e bem hajam.
José Jorge Peralta (josejorgeperalta@gmail.com)
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