“Era a Gafanha um areal inculto e desprezado, a que só no último quartel do século XVII começam a fazer referência alguns actos de aforamento, com que principiou a cultivar-se a região: e logo se seguem as primeiras notícias de casas, de colonos, de povoadores vindos de fora e de gente da terra que cresce e se multiplica, como aquela simbólica Joana Maluca, que deixou 9 filhos e 66 netos e por isso passou, indevidamente, por progenitora dos gafanhões! Temos aqui um exemplo, importantíssimo e raro, de povoamento que pode seguir-se desde o início e em todas as fases da sua evolução: povoamento que, como noutros lugares do nosso litoral, tem na base os foros, as courelas cultivadas por famílias, que arroteiam o maninho, criam o solo arável à força de adubos, levantam casa na sorte que cultivam, transformam o areal estéril em plaino produtivo salpicado de habitações dispersas…”
Orlando Ribeiro
In Introdução à “Monografia da Gafanha